[esquemaNovo]

Versão virtual da coluna [esquemaNovo] sobre música pop, produzida por Thiago Pereira e Terence Machado e publicada, todas às quintas no jornal "Hoje em Dia".

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Local: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

Pai, católico não praticante, taurino (por teimosia, hehehe), cruzeirense não ortodoxo, ainda jornalista, ex-baterista com recaídas frequentes, ciclista "pós-amador".

domingo, dezembro 19

[nº 19 – Skylab virou mulher?]



No fim das contas, é muito fácil rotular um artista como Rogério Skylab. Mas pouca gente tomaria para si o esforço de tentar compreender um trabalho que, acima de tudo, é único para o bem ou para o mal. Já crivaram no músico adjetivos como escatológico, doentio, maldito e louco. Características essas que podem passar longe da primeira impressão que qualquer cidadão comum tenha quando convive com o Rogério, funcionário público de um Banco do Brasil, no Rio De Janeiro. Talvez seja essa personificação do Rogério de voz calma, pausada e com a rara capacidade de conhecer muito bem o seu terreno artístico, para o Skylab dos palcos e dos discos, que dê contornos mais interessantes para sua obra.

Se “de perto, ninguém é normal”, a máxima caetânica chega às últimas conseqüências em Skylab. Sua obra consiste em exumar boa parte dos desejos inconscientes de todos, ora com ironia elegante (“Dinheiro”, “Eu Quero Saber Quem Matou”) ora de forma visceral(“IML”, “Côco”), muitas vezes resvalando no puro non sense como na polêmica “Fátima Bernardes Experiência”, que explode no refrão “Glória Maria!” Muitas vezes soa como versão direta, trash, daquilo tudo que Nelson Rodrigues eternizou literariamente em suas obras - a vida como ela é. No caso de Rogério Skylab, esta existência também é habitada por ratos, mortos-vivos, franksteins pós modernos... Suas músicas possuem um certo realismo cru, la vie em close, já diria Paulo Leminski, possível companhia de Zé do Caixão, Arrigo Barnabé, Frank Zappa, o Caetano de “Araçá Azul” entre outros malditos em um lista de referências para Skylab.

Seu último disco “Skylab V” , encartado este mês na revista Outracoisa, continua amplificando muitas destas neuroses cotidianas que vão de encontro ao cidadão comum. É possível que seja esse paradoxo que leve o artista independente a merecer duas comunidades na febre virtual Orkut, uma inclusive com mais de 1500 cadastrados, número que se agiganta quando se sabe que ele não possui nenhum esquema especial de divulgação do seu trabalho, além de manter contato com um público fiel em seu site (www.rota6.com.br/skylab). E é lá no site que está a questão que atormenta a todos os seus admiradores. Agora, depois de personificar o matador de passarinho, o tarado, o feliz possuidor de uma voraz motoserra, será que... (por Thiago Pereira)

[eN]: “SKYLAB virou mulher ?”

Sim. Skylab virou mulher. Existe uma promoção rolando no site. As 10 melhores respostas ganham o SKYLAB V. São muitos internautas participando. Essas promoções vem rolando todo ano, a cada disco que lanço. Não é difícil imaginar a grande quantidade de frases. É que o meu trabalho vem se caracterizando justamente por essa relação com a internet. Na verdade, é tudo uma grande brincadeira. Nós internautas somos muitos solitários e ao mesmo tempo muito unidos. É uma rede impressionante, cheia de virtualidades e afetos. Às vezes no ORKUT, você vê pessoas famosas com uma comunidade fraquíssima - é que os caras não são do meio. Não adianta fingir.

[eN]: Em Skylab 5 é perceptível uma face mais pesada do seu trabalho, guitarras deixando outros ritmos mais presentes, anteriormente, como O samba, em segundo plano. Skylab está com raiva?

Raiva(risos)? Em verdade o SKYLAB V resgata uma dívida com o público. Desde o SKYLAB II, que é um disco ao vivo, não fora produzido um disco tão próximo do show quanto este quinto. Até a forma como ele foi produzido acena nessa direção: o disco foi todo ele gravado ao vivo, em estúdio, e na forma analógica. Credito muito o resultado ao Vânius Marques. Ele também estará nos próximos discos. Enfim, tecnicamente falando, é o meu melhor disco de carreira.

[en]: Quais foram as matérias primas para a construção do novo disco? O título da ótima "22 X 2=43" parece referência à "2+2=5" do Radiohead...

Te confesso que são as mesmas dos discos anteriores. Nesse sentido, posso te dizer que o meu trabalho é maníaco obsessivo. Não tem muita variação: é a mesma obsessão de sempre: os números, as séries, as repetições de palavras. Essa é a estrutura do trabalho: o próprio serial-killer é a efetuação das séries. Veja só os títulos dos meus discos. A matemática permeia tudo. Só que não é uma matemática clássica.

[eN]: A respeito da polêmica "Fátima Bernardes Experiência", você foi proibido de incluir a música no disco? Ele teve de ser reprenssado?

Não, não. Em relação à "Fátima Bernardes Experiência", que é uma música que eu amo, eu já tinha prensado mil cópias incluindo essa música. Era uma tiragem inicial como venho fazendo com todos meus discos. Foi aí que o Lobão apareceu e me convidou. Claro que eu aceitei sair pela revista - só que nesse caso a tiragem seria de 20.000 cópias. Conversando com a equipe da revista, chegamos a conclusão de que seria melhor retirar a canção. Ela poderia ser um impecilho para divulgação do próprio trabalho. Seria muita sacanagem que uma simples canção invalidasse o resto do trabalho que é muito maior. Foi aí que eu assinei embaixo. Mas eu anseio publicar um cd só com as proibidas: Câncer no cu, Chico Xavier e Roberto Carlos, o Hino Nacional do Skylab, Fátima Bernardes e muito mais.

[eN]: Em "Skylab IV" , rola a pergunta “quem matou Lobão?”, em uma música - homenagem meio enviesada. Agora, você está lançando seu disco pela revista Outra Coisa. O homem ressucitou (risos)?Como foi o contato entre vcs?

Eu vou te contar uma coisa: vc tá certo em dizer que é uma homenagem meio enviesada que eu fiz no SKYLAB IV. Claro que muitos idiotas da imprensa pensaram que eu estava exigindo a minha participação no seleto grupo dos malditos. Muito pelo contrário. Eu faço parte de um outro tempo e a própria palavra "maldito" não tem nenhum sentido pra mim. Independentemente disso, eu sempre apreciei Arrigo, Walter Franco, Mautner... Ou seja, essa canção eu gosto muito porque ela se situa na fronteira do sentido: pode ser tanto uma coisa quanto outra. Eu miro justamente essa duplicidade. Em relação ao Lobão, acho que o disco "A Noite" é um marco, uma mudança de qualidade na sua discografia, que se radicalizou em "A Vida é Doce". Acho impossível Lobão se superar e produzir um disco melhor do que esse último. Ele não precisa fazer mais nada.

[eN]: Imagino que seja motivo de orgulho para vc ser lançado no mesmo veículo que capturou a volta de Arnaldo Baptista, uma das tuas referências... Gostou de "Let It Bed"?

Não gostei de "Let It Bed". Claro que a revista capitalizou a volta do Homem, tinha que fazer isso mesmo. Mas eu sou a favor do suicídio, do ponto final. Gosto muito do exemplo da Greta Garbo que passou a viver a partir de um certo momento longe de todo show business. A gente tem que saber dar adeus. Qual o sentido desse "Let It Bed"?

[eN]: É notável o fato e que, poucos artistas mantem uma obra tão coerente quanto a sua, mesmo em todo seu hermetismo e rupturas sonoras e poéticas. Skylab acredita na autencidade , na coesão? Vc acha que isso, de certa forma te garante um público fiél e um espaço garantido na, sem ironias, música popular brasileira?

Essa suas palavras me envaidecem, mas não estou bem certo de ter um lugar na MPB. Veja o exemplo do Daminhão. Quer maior coerência do que a dele? Quer maior utenticidade do que a dele? E no entanto...

[EN]: Repetindo a célebre pergunta, aonde estão as vanguardas brasileiras?

Essa palavra "vanguarda" é complicada, né? Eu tenho lido muito Walter Benjamin, sabe. E claro, para quem o lê, sabe que a palavra "vanguarda" é muito problemática. Acho que o nosso último movimento de vanguarda foi o "tropicalismo" e esse movimento hoje está infiltrado no imprensa brasileira, na indústria fonográfica nacional, e até no Estado. Existem os novos tropicalistas: Hermano Viana e Pedro Alexandre Sanches. O que tem de comum entre eles é a postura paternalista. Isso vem desde Gilberto Freire, passa por Caetano e Gil, Tom Zé também, e chega até nesses dois novos tropicalistas. O que tem de comum entre eles é justamente isso: eles passam a mão na cabeça dos rejeitados, e produzem interpretações belíssimas. Eles têm o saber. Hermano Viana fala do "Arte Popular", Pedro Alexandre Sanches fala de Roberto Carlos, Caetano fala da Axé Music e Gilberto Freire fala dos negros. É tudo a mesma coisa. O tropicalismo é que nem o capitalismo: abarca tudo. Eles só não abrem mão do Saber, da consciência. Voltar-se contra si próprio é demais para um tropicalista. Suicidar-se como o fizeram Stefam Zweig, Walter Benjamin e Giles Deleuze... isso é demais para eles. O tropicalista é vaidoso para tanto. Uma música como "Câncer no Cu" jamais será absorvida por um tropicalista. E quando vc pergunta sobre as novas vanguardas eu te respondo: só aquilo que é capaz de voltar-se contra si próprio, pode empreender um novo caminho. Fora isso, é continuar banhando-se em praias tropicais.

[eN]: O show de Rogério Skylab é uma comunhão, uma exumação, uma revolução? O palco é complemento fiél do seu trabalho?

O palco é uma palavra chave. Trazer o palco para o estúdio, tem sido essa a minha grande equação. Acho que o “SKYLAB V” tentou responder isso. Trazer para o estúdio não significa fazer um disco ao vivo. Um disco ao vivo nunca será a melhor expressão do palco, um disco ao vivo sempre será uma resposta mais simples. É como a tradução de uma língua estrangeira: você não pode ser completamente fiel, se for, estará sendo infiel. É um paradoxo, mas traduzir é trair. Acho que tem sido essa a minha maior preocupação: produzir discos como se fossem estes a melhor tradução do palco. É tudo uma questão de tradução... ou traição.

[eN]: Um agiota espera na sua casa, todas as gravadoras estão de portas fechadas, até os alternativos debandam para o outro lado, você vai continuar fazendo música?

Acho que principalmente agora, no momente de maior adversidade. Existe um ditado trágico que diz: "quanto pior, melhor".



sábado, dezembro 11

[nº 18 - “O mar não está pra peixe”. E pro Sideral?]



Sideral está com mais um disco - “Lançado ao Mar”. Produzido, arranjado e executado por ele “para a Universal Music” – como apresentado na arte gráfica. E, talvez, o primeiro grande problema do cd seja justamente esse de produzí-lo, com “total” liberdade, no quintal de casa, mas de olho no mercadão. Sideral tem talento de sobra (alguém duvida disso?) pra chutar o balde, compor mais uma dúzia de sucessos fáceis, sem precisar da “benção Universal” (seja da igreja ou da major da indústria fonográfica). Enquanto ele e outros artistas insistirem em fazer discos pré-moldados num formato pop extremamente velho e decadente vão, sim, estar lançados num maremoto confuso e o pior, nadando com os tubarões! Olha o Charlie Brown Jr. aí! Que medo!

Uma coisa é clara, Sideral era pop rock e agora é, simplesmente, pop. O novo disco aponta bem mais para Lulu Santos do que para Lenny Kravitz, é muito mais Jota Quest do que Barão Vermelho. Isso não teria o menor problema se não fossem dois detalhes: o fato dele ser irmão de um pop star e possuir um timbre parecidíssimo com o do mano Rogério. O mais novo desse time, o Landau, já sacou que ter o próprio brilho ofuscado pelo fator hereditário é uma fria e saiu logo cantando por aí: “Eu não sou irmão de ninguém”. O Sideral, infelizmente, fez o contrário. Deixou de buscar a própria identidade e berrar “eu sou Wilsom, o urso do terceiro mundo...” pra insistir nos temas de amor, bastante versados pelo Jota Quest. Em “Lançado ao Mar”, ele comete outro erro grave: o de forçar a barra como letrista. Pra quê? Já é um bom cantor e guitarrista. Buscar e experimentar parcerias, abrir o leque seria o mais indicado pra Sideral vir a ser “o cara”, ao invés de ficar servindo como sombra para um egocentrismo estéril.

Nas amarras da indústria fonográfica dá até pra entender um projeto como esse novo cd do músico. É que as grandes gravadoras deixaram de apostar na diferença há bastante tempo. E na política ruminante da “feira pop” (mais indicado que usar hoje o termo mercado) todos os grandes feirantes querem ter o seu Charlie Brown Jr., o seu Skank (e isso eles não conseguem nem a pau), o seu Los Hermanos (seria o Gram?) e, é claro, o seu Jota Quest - o mais rentável de todos. E podem tê-lo. O Sideral está aí “Lançado ao mar”. Fato é que ele saiu de um iate luxuoso para um bote salva-vidas, do primeiro para o segundo disco, e agora tá dando braçadas, nadando contra a corrente! Só pra exercitar? Será que um burocrata da indústria fonográfica é quem vai lançar uma bóia pra salvá-lo? Duvido! (T.M.)

sexta-feira, dezembro 3

[nº 17 - Sobreviventes no inferno?]

“Tem que fortalecer, o rap tem que fortalecer. “ Não era um pedido, ou discurso. O que o autor da frase acima proferia era uma ordem, uma conclusão lógica de um pensamento que segundos antes tinha feito referência a todos os pilares básicos da construção social: a família, a religião, a moradia, a segurança. Era o começo do fim: com os primeiros versos de “O Homem Na Estrada”, o locutor se despedia de uma platéia absurdamente em silêncio depois de quase duas horas de um estranho misto de concentração liturgica e messianismo pop.

O autor da frase é Mano Brown, o maior letrista da música popular brasileira nos últimos dez, quinze, vinte anos...Um textos mais ricos e impactantes do Brasil recente ,cujos maiores achados dialogam pau a pau com outras grandes obras musicais de contestação social/política nacional. Narrador em carne viva, cuja acidez fora percebida e tornada artigo de primeira necessidade em 97, quando o grupo que comanda soltou nas ruas da classe média “Sobrevivendo No Inferno”, autêntico manual da selva marginalizada pelo neoliberalismo global, cortesia do governo Fernando Henrique Cardoso. A partir dali encurtaram-se as distâncias entre o grande público e uma outra realidade baseada em fatos reais . O trabalho dos paulistas virou grife para "mauricinhos" abastados ,onde possuir um exemplar do disco garantia um brevê para circular nas ruas ;fetiche acadêmico para aqueles em busca de uma bela tese sobre os “excluídos” da sociedade, etc. Impulsionou a produção do rap brasileiro focalizado na crítica social, abrindo alas para que novos nomes como Sabotage e Xis não fossem recebidos como corpos estranhos dentro da grande mídia.

Então o rap hoje se faz palatável, deglutível para farto consumo de quem antes se situava como alvo- de cor e de situação- e que na semana passada semi-lotou o Lapa Multishow em busca dos poéticos fragmentos de uma realidade que só poderia, a princípio, ser conhecida a distância, no conforto do som no carro, embalando pesquisas na Internet. Agora os Racionais já não são referência única. Nos últimos dois anos, enquanto os paulistas lançavam “Nada Como Um dia Após O Outro” , o demorado sucessor de “Sobrevivendo...” , já se destacava uma outra solução vigente para um gênero em busca da batida perfeita com Marcelo D2 , num ritual cujo profissionalismo e (saudáveis) tendências comerciais não encontram rima com a força bruta dos Racionais. Ou até mesmo um abusado outro lado da moeda representado por Ramon Moreno, cuja alcunha De Leve desafiava com marra a validade do discurso-burocrático da “violência-periferia-racismo” tão explícito em Mano Brown , Eddy Rock, Ice Blue e KL Jay em seu segundo disco “O Estilo Foda-se”. Um desfecho que se apresentava como uma espécie de defesa até, a declarações equivocadas dos paulistas( “O Ronaldinho tá de Ferrari? Tem que seqüestrar pra acabar com essa putaria.”) e posturas que superaram a fina linha entre a defesa e o ataque gratuito, preconceituoso e ignorante. Hoje, a cena é outra, mais repleta de personagens coadjuvantes e sem saber quem protagoniza tudo. Reflexo talvez da lógica do mundo pop, onde demorar cinco anos para lançar um novo trabalho pode sair caro demais.

No palco do Lapa Multishow, boa parte destes embates se tornaram visíveis: a postura simpática e quase sorridente de um Mano Brown que na mesma BH foi acusado de incentivar o racismo durante uma apresentação, e que agora discursava contra o preconceito e a violência, indo de encontro com parte do novo repertório, onde fala-se até em um “Estilo Cachorro”, música pautada basicamente na diversão sexual entre manos e minas, sem maiores julgamentos morais. Mas que volta e ainda encontra força suficiente para passar um pito na cena rapper local e para retomar a missão de que há muita história para ser contada ainda. O rap tem fortalecer, ordena Brown. Mas como? Para onde? Em plena metamorfose, é possível que ele não saiba responder.

È o fim do começo e tudo mudou :já se passaram sete anos e ainda não se sabe ao certo se os Racionais chegaram até onde poderiam - e queriam –chegar, questão essa que pode ser amplificada a todo rap nacional. E talvez seja esse questionamento que encerre uma época onde o rap era novidade , uma alternativa ao padrão. Já não é mais. Mas a resposta para a questão acima pode ditar os rumos para o gênero nos próximos anos. Vai valer a pena esperar, Racionais capítulo 5, versículo próximo. (T.P.)


[espaço hd] >> dicas de Jardel Sebba, editor da revista VIP e colunista de música do AOL

Picassos Falsos “Novo Mundo” (Psicotronica) - A melhor banda de rock-samba-funk-baião do Rio de Janeiro de volta, depois de sumir e desaparecer no fim dos anos 80. Surpreendentemente, eles continuam tão bem ou melhores. Destaque para o irresistível samba "Rua do Desequilíbrio".

Marcos Valle “Contrasts” (Far Out) - O autor de "mustangue cor de sangue" passou a década de noventa requisitado lá fora como um dos artistas mais sampleados pelos djs ingleses. Nesse novo disco, ele mantém a elegância da sua bossa, conta com a participação maisque especial da Joyce, e incluiu de aperitivo alguns remixes que fizeram sua fama internacional.

Veiga & Salazar “Original” (ST2) - Uma das melhores coisas a surgir no hip hop nacional nos últimos tempos. A dupla mistura boas batidas com doses bem temperadas de jazz, soul, bom humor e experimentação. Destaque para as vinhetas no melhor estilo John Coltrane e para a participação do rapper niteroiense de Leve.

Bruno E. “Lovely Arthur” (Trama) -O ex-produtor de música eletrônica mergulhou no jazz avant-garde e fez um disco surpreendente, com uma sofisticação de arranjos de metais e orquestrações raras de ser ver entre músicos brasileiros.

Durval Ferreira “Batida Diferente” (Guanabara) - Violonista e compositor com um currículo invejável, que inclui gravação com o gênio do saxofone Julian "Cannonball' Adderley, Durval é pai dessa pequena obra-prima que, além de suas ótimas composições, conta com um time de músicos que é uma covardia. O trombone de raul de Souza e o piano de Osmar Milito dispensam apresentações.