[esquemaNovo]

Versão virtual da coluna [esquemaNovo] sobre música pop, produzida por Thiago Pereira e Terence Machado e publicada, todas às quintas no jornal "Hoje em Dia".

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Local: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

Pai, católico não praticante, taurino (por teimosia, hehehe), cruzeirense não ortodoxo, ainda jornalista, ex-baterista com recaídas frequentes, ciclista "pós-amador".

quinta-feira, agosto 26

[nº 3 - Uma mosca que ainda voa por várias gerações na sopa da MPB: “Toca Raul!"]



Em qualquer bimboca do país que tenha um palco, uma banda tocando e um público espirituoso, esse grito será ouvido. Sim, é uma espécie de praga, mas que não pode de forma alguma resumir a figura de Raul Seixas à uma piadinha qualquer. Apesar de muitas vezes ter sua obra reduzida a fetiche para neo hippies ou malucos beleza de plantão, Raul Seixas representa uma fatia muito mais representativa da música popular brasileira. Foi o fio condutor de uma linhagem que teve poucos seguidores - e boa parte deles equivocados - onde o cancioneiro popular brasileiro tem encontro com o rock n´roll tradicional americano, decodificando assim uma obra personalíssima, um mosaico sonoro de boleros, maxixes, baladas e rocks atrevidos que, se reunidos, apresentam um conjunto coerente e único. Para usar uma imagem, assim como os tantos personagens que assumiu, Raul era uma “com-tradição”, que espelhou nas suas metamorfoses o espírito rebelde de pioneiros como Eddie Cochran e Jerry Lee Lewis, mas com um sotaque brasileiro inédito, carregando consigo uma identificação incrível com o popular que está ali vivendo, esperando a morte chegar, sem maiores esperanças. Uma iconografia marcante, de apelo popular menor apenas se comparado a Roberto Carlos Em suma ele foi muitos em uma pessoa só, por vezes, caricato em excesso, mas honesto com sua própria loucura.

Nas obras de Raul é possível encontrar o novo pulsando em diversas direções, já que, poderia supor, ouviu Lennon criticar que “é fácil viver com os olhos fechados” em “Strawberry Fields Forever” e assumiu que não queria ter aquela velha opinião formada sobre tudo. Para isso pautou sua obra em uma diversidade rítmica e temática que encontra eco - mesmo que não diretamente - em boa parte da melhor MPB atualmente. Sim, é possível repercutir e enxergar o legado de Raul no menestrel Wander Wildner em “Tu ès O MDC Da Minha Vida”, um pré mangue bit em “Mosca Na Sopa”, o rock safado da Cachorro Grande em “Al Capone”, na poesia urbana de Marcelo Yuka. Porque ele se fartou naquilo que o rock traz de belo: a falta de linearidade, o apelo dionisíaco que faltava a bossa nova ou aparecia apenas timidamente na Jovem Guarda. Era cabra macho em excesso para a carnavalizante Tropicália, mas sensível em canções do amor demais além de cronista afiado do falso milagre nacionalista.

Tudo isso sem pedir licença ou benção para entrar de sola na MPB. Sobreviveu ali como um corpo estranho- assim como o foram Melodia, Macalé, Ben- mas muito bem vindo. E enquanto os Doces Bárbaros estão confortavelmente autenticando eterna primavera, Raul foi enterrado como herói, mesmo não sendo um representante típico da baianidade aclamada por conterrâneos. Talvez porque Raul era maior que a própria Bahia, uma expressão genuína do rock Brasileiro. E agora, alcançados 15 anos de sua morte, por uma série de fatores que se confundem com sua própria obra, o tal roque nacional desbravado por ele pode ter alcançado sua maioridade. Já não é mais uma criança.(T.P.)

[velho esquema]
Queen “The Game” (1980)


Eu era um moleque, quando descobri este disco do Queen. Ouvir faixas como a de abertura foi quase uma rasteira numa das minhas diversões preferidas até então – o futebol de rua com os amigos. Chegando ao solo de Roger Taylor, no meio de “Dragon Attack”, veio quase a certeza: se formar uma banda algum dia, quero ser baterista e ainda fazer vocais como esse cara. Não é que mais tarde dei conta do recado ao meu modo? Aprender bateria e ainda conseguir cantar foi pra mim o top do sucesso, no campo pessoal. E tudo ganhou mais sentido no meu raciocínio pop, após conhecer as criações inspiradas de Freddie Mercury, John Deacon, Brian May e Roger Taylor nesse que nem é o melhor disco do Queen. Mesmo assim serviu pra me dar a noção exata do que era o pop perfeito. E o caminho estava aberto para o rock. Fazer a viagem ao passado pra descobrir a fase mais “rasgada” do Queen, assim como, partir para novas descobertas no rock ‘n roll virou questão de tempo. Antes, porém, ouvi até quase enjoar o repertório com as brilhantes “Save Me”, “Crazy Little Thing Called Love”, “Another One Bites The Dust”, “Need Your Loving Tonight”, enfim, todo o disco que chega a parecer uma coletânea e das boas!!! Mais curioso ainda é que, entrando na era do cd, o “The Game” acabou sendo o primeiríssimo da minha coleção. Não por que quis. Mas a loja tinha poucas opções que valessem à pena e esse, com certeza, valia. E lá estava eu de novo, em casa, cantando uma por uma, experimentando o tal do cd player. Sem chiados e com aquele som que até incomodava de tão limpo, eu dei “play the game” várias vezes no meu aparelho. Emocionante!(T.M.)

[espaço HD] por Ludmila Azevedo, repórter do programa Agenda da Rede Minas.

PJ Harvey, “Uhh Huh Her”
PJ Harvey está entre as minhas cantoras favoritas. Esse disco fala de amor e tem aquelas melodias doces e tudo mais, só que como ela não é nada convencional e sempre surpreende com muito rock.

Bebel Gilberto, “Bebel Gilberto”
Apesar de ter música composta pelo Carlinhos Brown, o novo trabalho da Bebel Gilberto é muito bom. Com direito à participação da mammy Miúcha, é um disco que eu coloco para começar bem o dia.

Mombojó, “Nada de Novo”
Descobri esse disco na banquinha de CDs do Eletronika. Como desde o surgimento de Chico Science&Nação Zumbi me identifico bastante com a cena recifense, sempre estou atrás de bandas novas. No caso do Mombojó, curti bastante o cavaquinho com uma levada diferente da proposta pelo Fred 04.