[esquemaNovo]

Versão virtual da coluna [esquemaNovo] sobre música pop, produzida por Thiago Pereira e Terence Machado e publicada, todas às quintas no jornal "Hoje em Dia".

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Local: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

Pai, católico não praticante, taurino (por teimosia, hehehe), cruzeirense não ortodoxo, ainda jornalista, ex-baterista com recaídas frequentes, ciclista "pós-amador".

sábado, dezembro 11

[nº 18 - “O mar não está pra peixe”. E pro Sideral?]



Sideral está com mais um disco - “Lançado ao Mar”. Produzido, arranjado e executado por ele “para a Universal Music” – como apresentado na arte gráfica. E, talvez, o primeiro grande problema do cd seja justamente esse de produzí-lo, com “total” liberdade, no quintal de casa, mas de olho no mercadão. Sideral tem talento de sobra (alguém duvida disso?) pra chutar o balde, compor mais uma dúzia de sucessos fáceis, sem precisar da “benção Universal” (seja da igreja ou da major da indústria fonográfica). Enquanto ele e outros artistas insistirem em fazer discos pré-moldados num formato pop extremamente velho e decadente vão, sim, estar lançados num maremoto confuso e o pior, nadando com os tubarões! Olha o Charlie Brown Jr. aí! Que medo!

Uma coisa é clara, Sideral era pop rock e agora é, simplesmente, pop. O novo disco aponta bem mais para Lulu Santos do que para Lenny Kravitz, é muito mais Jota Quest do que Barão Vermelho. Isso não teria o menor problema se não fossem dois detalhes: o fato dele ser irmão de um pop star e possuir um timbre parecidíssimo com o do mano Rogério. O mais novo desse time, o Landau, já sacou que ter o próprio brilho ofuscado pelo fator hereditário é uma fria e saiu logo cantando por aí: “Eu não sou irmão de ninguém”. O Sideral, infelizmente, fez o contrário. Deixou de buscar a própria identidade e berrar “eu sou Wilsom, o urso do terceiro mundo...” pra insistir nos temas de amor, bastante versados pelo Jota Quest. Em “Lançado ao Mar”, ele comete outro erro grave: o de forçar a barra como letrista. Pra quê? Já é um bom cantor e guitarrista. Buscar e experimentar parcerias, abrir o leque seria o mais indicado pra Sideral vir a ser “o cara”, ao invés de ficar servindo como sombra para um egocentrismo estéril.

Nas amarras da indústria fonográfica dá até pra entender um projeto como esse novo cd do músico. É que as grandes gravadoras deixaram de apostar na diferença há bastante tempo. E na política ruminante da “feira pop” (mais indicado que usar hoje o termo mercado) todos os grandes feirantes querem ter o seu Charlie Brown Jr., o seu Skank (e isso eles não conseguem nem a pau), o seu Los Hermanos (seria o Gram?) e, é claro, o seu Jota Quest - o mais rentável de todos. E podem tê-lo. O Sideral está aí “Lançado ao mar”. Fato é que ele saiu de um iate luxuoso para um bote salva-vidas, do primeiro para o segundo disco, e agora tá dando braçadas, nadando contra a corrente! Só pra exercitar? Será que um burocrata da indústria fonográfica é quem vai lançar uma bóia pra salvá-lo? Duvido! (T.M.)