[esquemaNovo]

Versão virtual da coluna [esquemaNovo] sobre música pop, produzida por Thiago Pereira e Terence Machado e publicada, todas às quintas no jornal "Hoje em Dia".

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Local: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

Pai, católico não praticante, taurino (por teimosia, hehehe), cruzeirense não ortodoxo, ainda jornalista, ex-baterista com recaídas frequentes, ciclista "pós-amador".

quinta-feira, setembro 30

[nº 8 - O vídeo matou as estrelas do rádio?]



Se desde o início dos anos 80 o Buggles saudava a chegada da MTV com o hit “Vídeo Kills The Radio Stars”, era possível prever a mudança de foco que a era do vídeo causaria na música pop. “Nossa, mas que papo mais velho!” diria outro. E é mesmo, afinal pelo menos duas gerações já consomem música pop pautadas em som e imagem.Com a extinção do mercado de singles no Brasil, o videoclipe passou a se tornar o referencial máximo para o lançamento das famigeradas músicas de trabalho. Isso, claro fazendo um recorte de público (cada vez maior) consumidor que tem acesso ás mídias que oferecem o produto videoclipe - não a linguagem, esta cada vez mais presente em outras produções.

Talvez o problema esteja na concepção desde o início, ou talvez seja puro romantismo de minha parte, mas não consigo deixar de pensar em uma coisa: o que poderia servir como espaço para novas tendências, correndo paralelamente (ou melhor, complementarmente) ao meio tradicional, já estabelecido -o rádio- se tornou mera repetidora de um sistema competitivo voraz. Hoje não precisa ligar o rádio, basta ligar a tv e o play list das mais tocadas vai estar presente sob a forma de imagem, efeitos cinematográficos, poses, enfim o pacote completo. Já está pronto, formatado inofensivamente, um fast food que oferece diversas opções para diversas necessidades: da explosão hormonal masculina (a libidinosa Britney Spears, o rock machinho do Charlie Brown Jr e seus respectivos genéricos) ao romantismo popularesco disfarçado de super produção do KLB e do Alexandre Pires.

De certa forma, em formato videoclipe, a música perde um pouco o fator fantasia, a capacidade que ela têm de ativar o imaginário do ouvinte. “Nossa, que papo mais careta!”. E é mesmo. Mas Renato Russo - que além de gênio entendia muito de música pop - tem uma declaração lapidar: “Música pop é isso: você está lá, sentado a beira do caminho, completamente desolado e de repente toca aquela música do Gilliard, dizendo exatamente o que você está sentindo!”. Quer dizer, no rádio ainda é possível roteirizar a música de acordo com cada situação – ela é móvel, não estática, não está padronizada.

“Ah, mas eu não me preocupo mais com rádio, eu tenho meu I-Pod, meu computador banda larga, meus contatos onde posso conseguir quase instantaneamente o single novo daquela banda alternativa da Zâmbia...”. Parabéns para você, que tem uma boa grana e sede de informação. Engraçado: a relação é quase sempre através da negação, da substituição. Será que as mídias não podem mesmo se complementar? O mesmo serve para a relação videoclipe/rádio. A questão não é negar todas as maravilhas oferecidas por este formato, imagina, basta assistir a um clipe como “Just” do Radiohead para notar o potencial artístico do clipe. Até porque não foi o vídeo que matou o rádio não. Minhas principais suspeitas recaem sobre o próprio rádio, que seguiu fielmente as regras mercadológicas e não soube dar seu salto, sua sobrevida. Se o videoclipe consegue ousar, na programação de rádio atual que há variação do cardápio, uma “previsibilidade” tediosa. “Mas qual seria a salvação para o rádio então?”. Uma dieta mais apimentada? Mais dinheiro? Um milagre? Sinceramente eu não sei. Mas de uma coisa eu tenho certeza: sempre vai ter alguém na sarjeta, esperando aquela música que, hoje em dia, do rádio não vêm. (TP)

[velho esquema]
Ramones “Rocket To Russia” (1977)


Enciclopédia da música pop, clichê número sete: o punk salvou a música nos anos 70, antes atrelada aos teclados de Keith Emerson, ao rock adulto do Bread, as limusines dos grandes astros, as fantasias de Elton John, cocaína, produções auto centradas.Verdade? È pode ser.

“One, two, three, four...”. A contagem é apenas uma das marcas registradas, assim como as jaquetas de couro, os óculos escuros e o rock adrenalínico. Existe fetiche maior que esse para um púbere ilhado entre as desgastadas fórmulas do rádio ou o cabecismo vigente dos meios intelectuais? Sim, porque o ambiente que motivou o surgimento dos Ramones pode encontrar comparações em qualquer época: pense nos anos 70, com a discotheque da gostosona da sala e o rock progressivo dos viajandoês mais velhos da rua, nos 80 com o pop perfumado de Huey Lewis que encantava a irmã mais nova, nos anos 90 com Chico César embalando as festinhas da mamãe. Estereótipos? È pode ser.Mas, muito além da hum,filosofia “segundo verso, igual ao primeiro”( de “Judy Is A Punk”) o corte radical do quarteto está em reescrever a bíblia do gênero fielmente, adicionando apenas novos cenários, drogas, musas... De resto é apenas rock n´roll. Assim como eram os experimentos quase minimalistas de Chuck Berry, de Buddy Holly, dos primeiros passos dos Beatles, dos Stones, dos Beach Boys. Os Ramones apenas transportaram esta, hum, essência para suas realidades.

“Rocket To Rússia” é exemplo ímpar da imensa discografia dos caras não por ser um disco de transição para a banda, não por eles terem se conectado com um de seus maiores ídolos (como em “End Of The Century”, produção de Phil Spector), não por estar atrelado a alguma tragédia. È simplesmente o melhor álbum do grupo, onde toda a crueza particular na sonoridade da banda encontra ganchos pop infalíveis, e o resultado disso são pérolas (não) lapidadas como “Teenage Lobotomy”, “Locket Love” e a suprema “I Don´t Care” (“...about the world, about that girl...). Se no mesmo período os Sex Pistols adicionavam escândalo, política e raiva ao “faça você mesmo”, os Ramones compuseram verdadeiras elegias á diversão inconseqüente, aos amores juvenis, ao suor e a cerveja, a juventude enfim, reduzidas a três acordes em um disco impecável. O punk norte americano da década de 70 era isso, a descerebração herdada dos New York Dolls e dos Stooges sem as maquiagens, sem as pretensões de se tornar um superstar ou fundir sua música a outros ritmos. A cover de “Surfin' Bird” dos seminais Trashmen, não esta ali á toa: “Bird, Bird, Bird is a word( repetir x vezes)”. É isso aí.

Um, dois, três...Bastaram três anos para os membros originais falecerem, Joey devido a um câncer, Dee Dee (uma iconografia tão importante ao gênero quanto seu fã Sid Vicious) devido a uma overdose e Johnny, no último dia 16.Morre também um pedaço da história do rock. Que felizmente ressuscita, pelo Jesus And Mary Chain, pelo Nirvana e pela tal próxima banda que irá salvar o mundo, blá, blá, blá. Porque essa foi a maior lição apresentada pelos Ramones.Verdade? È, pode ser. Mas, sinceramente, pergunte para algum fã se essa suposta importância histórica é a principal motivação para se amar “Rocket To Rússia”. Eu aposto o resto da minha coleção que a resposta vai vir como uma contagem: “One, two, three, four...”.(TP)

[espaço HD] por Carol Rausch >> relações públicas e produtora cultural

Cachorro Grande, “As próximas horas serão muito boas”
Rock na veia, na cabeça e nos ouvidos! Considero uma das melhores bandas surgidas nos últimos tempos. O disco é super divertido e fiel ao bom e velho rock. Sem firulas ou deslizes eletrônicos o disco é para escutar e cantar no volume máximo!

Tom Bloch, "Tom Bloch”
Não consigo tirar o disco do som e quando tiro fico cantarolando o refrão de “Nossa Senhora” e outras musiquinhas bacanas. É tão bom que a gente até esquece que o Pedro, vocalista e autor da maioria das letras, é filho do Luís Fernando Veríssimo. Na verdade, isso nem importa.

“Almoust Famous Soundtrack”, Vários
Trilha sonora de “Quase Famosos”, um dos filmes mais bacanas sobre a santíssima trindade do rock...Para os apaixonados pelo estilo o disco é aquisição obrigatória, assim como o dvd. É impossível cantar “Tiny Dancer “de Elton John e não lembrar da, “prematuramente clássica”, cena do filme.

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