[esquemaNovo]

Versão virtual da coluna [esquemaNovo] sobre música pop, produzida por Thiago Pereira e Terence Machado e publicada, todas às quintas no jornal "Hoje em Dia".

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Local: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

Pai, católico não praticante, taurino (por teimosia, hehehe), cruzeirense não ortodoxo, ainda jornalista, ex-baterista com recaídas frequentes, ciclista "pós-amador".

quinta-feira, setembro 2

[nº 4 - O “Novo mundo” dos Picassos Falsos]



Passada a euforia do rock brasileiro, nos anos 80, as gravadoras começaram a puxar o freio de mão, os discos e apostas em novas bandas foram escasseando e algumas delas acabaram numa espécie de limbo, mesmo com seus discos nas prateleiras e, às vezes, tendo recebido boas críticas da imprensa especializada. Uma que acabou especialmente prejudicada por esse declínio do mercado roqueiro no Brasil foi o Picassos Falsos. Os cariocas tinham lançado o primeiro disco pelo selo Plug da RCA – BMG, atualmente – em 1987, conseguindo relativo sucesso com uma das faixas do álbum de estréia, o funk pop “Quadrinhos”. No ano seguinte, o grupo mostrou um dos melhores discos do pop nacional feitos na segunda metade daquela década - “Supercarioca”. Era fácil perceber o amadurecimento precoce dos Picassos de um disco para o outro, principalmente, no que diz respeito ao tratamento sonoro. O esporro elétrico do primeiro disco foi convertido no orgasmo acústico do sucessor. As letras estavam ainda melhores. A pegada rock aparecia de cara e, por que não, apenas com a voz nervosa de Humberto Effe e o pandeiro da faixa de abertura “Retinas”. Os acordes ficavam ainda mais calorentos, adiante, com as batidas de violões e violino incandescentes de “Verões”. O “Rio de Janeiro” desmoronava após a chuva, num samba rock inspiradíssimo e do “Ben”. Salve Jorge e os Picassos Falsos! Estas e tantas outras composições do memorável segundo disco do quarteto, no entanto, ficaram meio que esquecidas no elo perdido, entre duas metades distintas e, aparentemente, distantes dos anos 80.

Foram quinze anos fora de cena e o Picassos ressurge agora com o terceiro trabalho e um “Novo Mundo” pela frente. Pelo menos é o que sugere o título do cd. Torna-se perceptível, logo numa primeira audição, a grande novidade acerca deste retorno da trupe “supercarioca” – a banda adentrou a mpb e deixou o rock, quem sabe, pra outra hora. Se antes, versos do sambista Ismael Silva eram enxertados na levada psicodélica de “Carne e Osso” e o reverso acontecia com “Third Stone from The Sun” de Jimi Hendrix, em “Bolero”, distorcendo qualquer sombra de brasilidade; agora Ismael, de novo ele, aparece diluído não em guitarras, mas nas batidas pré-programadas da releitura de “Me Diga Seu Nome”. No carnaval 2004 do “Grêmio Recreativo Picassos Falsos”, a “Porta-bandeira” é a segunda a entrar na passarela, numa boa parceria do vocalista Humberto, com Dé ex-baixista do Barão. Aliás, esta dobradinha rendeu duas das melhores músicas do disco, a outra é “Zig Zag 2” – samba sofisticado com adereços jazzísticos. E é à base de jazz que o Picassos, literalmente, faz “O Filme”, ou melhor, um curta-metragem de bom gosto. Não dá pra dizer o mesmo da faixa-título, na qual eles quase queimam o filme, aproximando-se de um roteiro qualquer de Zeca Baleiro. Mas onde foi parar a veia rock e experimental de outrora? Em pitadas discretas, no baião “Presidente Vargas” e em “Eletricidade”, faixa que fecha o disco sem dar choque em ninguém.

A constatação de que, mesmo hoje, “Supercarioca” seja mais moderno e revelador que o novo cd leva à seguinte conclusão: antigamente, os Picassos Falsos eram uma excelente banda de rock, desnorteando o samba. No “Novo Mundo”, eles são ótimos sambistas, desnorteados no rock.

[velho esquema]
TREAT HER RIGHT - “Tied To The Tracks” (1989)


Quando morreu em cima do palco em Palestrina, Itália, fulminado por um ataque cardíaco enquanto executava a sintomática “Super Sex”( “Taxi!/Taxi!/!Hotel!/Hotel!/I got the whiskey baby, i got the whiskey/ I´ve got the cigarettes...”), Mark Sandman levava consigo também uma obra particular que corria paralelamente à música vigente na época. Na metade dos anos 90, quando o pop estava extremamente derivativo, o Morphine era uma espécie de gota pura em um oceano de ruído, uma banda que conseguiu imprimir uma marca pessoal tão profunda quanto suas densas músicas. Assim como o ópio que serviu de inspiração para o batismo da banda, a mescla de bateria ,sax e baixo tinha a rara capacidade de sedar ouvidos mais combalidos, transportando o ouvinte para um universo liricamente barra pesada, mas embalado por uma música extremamente agradável , baseada naquilo que o próprio Sandman classificou como low rock- uma sonoridade em que o barulho vinha em baixos teores , e a instrumentação era esparsa e elegante.

O Treat Her Right foi o laboratório paras as experimentações de Sandman, que viria ajudar a formatar o som que fez sua fama anos mais tarde. “Tied To The Tracks”, segundo e derradeiro disco da banda , é Sandman de melhor safra, servido puro, sem gelo. Dividindo as composições com David Champagne, líder e fundador da banda e contando com o apoio do baterista Billy Conway, que iria acompanhá-lo no Morphine, a voz grave de Mark, filtrada em nicotina e álcool, vai tecendo climas ideais para ambientar uma hora vagabunda, regada a sexo, drogas e emoções baratas. Sempre sob o signo do blues, as composições aqui são pautadas em slide, gaitas e linhas econômicas de guitarra. Entre canções assustadoramente premonitórias, como “Picture Of The Future” (“Este é um retrato do futuro/ E você não está nele”), se destacam faixas que trazem marcas registradas de Mark, como a morbidez romântica de “Marie” e o groove sensual de “Junkyard”. Acima de todas elas, a obra –prima “No Reason”, coda perfeita para aquela inútil noite italiana de 99: “Não há razão nesta vida/ Alguém vive e alguém morre/ E isto não deveria vir como uma surpresa”.

[espaço HD] por Gabriela Durante, a “charmosa” DJ Penélope do Bar/Livraria ‘Café Com letras’

“Lisa Ekdahl sings Salvatore Poe” (Lisa Ekdahl, 2002)
Lisa Ekdahl é uma sueca que começou com música Pop e logo passou para o jazz. Tem uma voz singular e muita leveza, os arranjos são ótimos. Música típica para se ouvir num domingo a tarde. Vale ainda conferir os álbuns "Back on earth" e "When did you leave heaven”.

“Come fly with me“(Michael Buble, 2004)
Michael é um jovem cantor canadense que se lança no jazz com regravações dos grandes clássicos. Sem grandes inovações nos arranjos e na execução, Michael Buble canta para quem quer ouvir o velho swing com uma nova voz.

“Rendez-vous a Saint-Germain-des-Pres” (Cafe de Flore – Vários Artistas, 2003) Uma coletânea do melhor da música francesa das décadas de 50 e 60. Junta, num mesmo disco, artistas como Nico, Serge Gainsbourg, Nina Simone, Eartha Kitt, Paris Combo, entre outros.