[esquemaNovo]

Versão virtual da coluna [esquemaNovo] sobre música pop, produzida por Thiago Pereira e Terence Machado e publicada, todas às quintas no jornal "Hoje em Dia".

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Local: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

Pai, católico não praticante, taurino (por teimosia, hehehe), cruzeirense não ortodoxo, ainda jornalista, ex-baterista com recaídas frequentes, ciclista "pós-amador".

quinta-feira, setembro 16

[nº 6 - "TiMs e Bens e tais"]




Quem sempre guarda um troco para o que podemos chamar de “turismo musical” terá a oportunidade única de comprar um pacotaço de fim de ano: uma viagem sonora chamada Tim Festival. Com a programação, finalmente, fechada e divulgada, a segunda edição do evento, que é a continuação natural do velho Free Jazz, terá três diárias e tanto, com estrelas do primeiro time do pop internacional, distribuídas no variado roteiro nacional. Isto, fora as atrações voltadas mesmo para o jazz.

Primeiro surgiram boatos em torno da mais nova mania punk inglesa – The Libertines. O grupo acaba de lançar o segundo álbum, com produção do ex-Clash Mick Jones. O cd de estréia chegou ao Brasil pela Trama. Pois agora, no dia 7 de novembro, por volta das onze da noite, no palco Tim Lab, o som “da resposta britânica aos Strokes” será colocado à prova para os brasileiros. Em disco, pelo menos no primeiro, os Libertinos deixam a desejar como várias das provações e provocações que levam o “carimbo” hype. O Rapture cumpriu este papel no festival no ano passado. E ai deles, se não fossem duas ou três boas músicas do cd “Echoes”, entre elas, a pulsante “House of Jealous Lovers”.

A aguardada lista de artistas convocados para a empreitada ficou ainda melhor com o anúncio da escalação do Primal Scream, liderado pelo cabeção Bobby Gillespie. Mesmo alguns anos além do auge vivido pelo grupo, nos tempos do aclamado “Screamadelica”, de 91, tem tudo para ser uma experiência e tanto conferir por aqui a mistura psicodélica e dançante de rock, soul e eletrônica da “guarda de Sir Gillespie”. Por falar em eletrônica, os papas do estilo, os alemães do Kraftwerk, retornam ao Brasil, após lançarem o recente “Tour de France”. E diante do pioneirismo do Kraftwerk, nesse terreno, o Pet Shop Boys terá de compensar a balança a seu favor à base de vários sucessos radiofônicos, enquanto o 2ManyDJs com certeza deve estar preparando um set hipnótico para dar boa mostra do que há de contemporâneo na leva musical computadorizada!
Longe dela, uma boa surpresa pode ser a apresentação dos Picassos Falsos, que reaparecem sete anos após os louros não colhidos na prática do acertadíssimo “Supercarioca”, lá em meados da década de 80.

E pra fechar, no melhor estilo, o calendário dos turistas da música, em 2004, PJ Harvey e Brian Wilson surgiram como ofertas mais do que surpreendentes. Só dois artistas desse quilate poderiam tirar os amantes da boa música da nostalgia delirante, principiada em Curitiba com o show do Teenage Fanclub e Pixies, e continuada com Ian McCulloch, numa turnê por cinco capitais brasileiras, e a Orchestra Morphine, em apresentação inesquecível no festival Tudo é Jazz, na charmosa Ouro Preto.
Pensando bem, como é bom que existe a música pop e nem tudo é jazz. Nem o Free (Jazz), que virou Tim Festival, nem mesmo o evento de Ouro Preto, apesar do nome. Quer melhor exemplo que o da Orchestra, que agora faz tributo ao ex-líder do trio liderado por Mark Sandman, ter conseguido tirar da anestesia o público presente na pequena cidade histórica? Ou, como indagaria Caetano, será que “apenas os hermetismos pascoais e os tons e os miltons, seus sons e seus dons geniais nos salvam, nos salvarão dessas trevas e nada mais?”

A salvação parece ter começado com o pacto lendário e nada santo feito por um bluesman, numa certa encruzilhada. Bem que Raul avisou: “o diabo é o pai do rock”. Então, chapados com o Morphine daquela Orchestra que, em vários sopros, subverteu a estética do jazz, vamos todos curtir PJ Harvey e abrir um grande sorriso ao final! É que Brian Wilson dos Beach Boys está a caminho para nos apresentar os alucinógenos presentes naquele “Smile”! (T.M.)

· Para conferir a programação completa do Tim Festival 2004 acesse: www.timfestival.com.br


[velho esquema]

Jorge Ben “A Tábua de Esmeraldas” (1972)



Jorge Ben é uma espécie de eminência parda da MPB: festejado por todos os outros grandes nomes como Caetano Veloso e Milton Nascimento, mas dono de discreta trajetória junto ao grande público. Não é muito difícil de entender: ele sempre se situou como um corpo estranho - mas nem por isso mal recebido – na cronologia da música popular brasileira. Uma terceira margem cuja mistura de "samba com maracatu" não era bossa, não era uma brasa, não era proibido proibir.Falamos aqui do Ben, não confundir com o Benjor: apesar de algumas fagulhas, este último está longe de alcançar o fogo do primeiro. A obra de Jorge anterior a formação de sua Banda Do Zé Pretinho (eficiente nosbailoes a que se propõe, mas notadamente pouco ousada)é brasa que ainda queima, onde encontramos os desenhos mágicos do seu violão, a simplicidade poética de seu texto, o lirismo doce de suas musas.

O pulo do gato de Babulina era a ponte radical entre o violao gilbertiano e as batidas suingadas oriundas do rock, contruída por um dos maiores mistérios da mpb: a mágica mão direita de Jorge, mão em que ele palhetava suas batidas no violao. E o violão de Ben desenha jazz, maracatu, samba e outras bossas mais. É fonte que não seca: a classificação de sua música é tão absurda quanto o espectro de músicos que influenciou - das baladas folk arcadistas de Nando Reis ao rap emcarne viva dos Racionais MC’S. Em "A Tábua De Esmeraldas", o salto foi mais alto: o disco é seguramente uma das obras mais desconcertantes da música popular brasileira, e assim como o disco de estréia de Ben (o didático "Samba Esquema Novo"), estabelece alguns parâmetros até então inéditos nesta. O cotidiano banal vinha em cores bonitas sob a ótica de Ben: o "Namorado Da Viúva", "O Homem Da Gravata Florida", narrativas que resvalam no absurdo em sua simplicidade. O habitual romantismo brota da pureza ("Minha Teimosia", de harmonia semelhante a "Lay LadyLay", de Bob Dylan), do desejo carnal ("Menina Mulher Da Pele Preta"), da urgência ( na sublime "Cinco Minutos"). O misticismo. Faz também política, seja no pacifismo popular de "Vou Torcer", seja na épica eengajada "Zumbi". O misticismo que (des)norteia o disco bate bonito em "Os Alquimistas Estão Chegando" e na louvação "Brother".Mas alcança seu ápice mesmo no dubbismo de "Errare Humanum Est" ("E de pensar que não somos os primeiros seres terrestres/ Pois nós herdamos uma herança cósmica/Errare humanum est"), que é onde está a chave para se perder nesta tábua repleta de esmeraldas. Assim com o alquimista francês Flamel que ilustra a capa do disco, Jorge Ben fez da tábua de esmeraldas sua pedra filosofal: tudo aqui é ouro.(T.P.)

[espaço hd] por Fernanda Azevedo >> ex-produtora da Motor Music e assessora do Café com Letras

Valv, "The Sense of Movement"
Indie rock de primeira, na linha de bandas como Placebo e Idlewid. Primeiro disco da banda mineira, com 12 músicas e participações especiais, entre elas, Fernanda Takai, do Pato Fu.

Romulo Fróes, "Calado"
Música de qualidade em português. Canções acústicas e delicadas, com letras tristes e voz suave, que unem a típica tristeza do samba à discreta melancolia de grupos como Low e Red House Painters

System of a Down, "Steal This Album"
Álbum imperdível do quarteto californiano de metal, que presenteia os fãs com uma seleção de canções inéditas, jamais lançadas pela banda anteriormente. O destaque, fica por conta da faixa "Boom!", que ganhou video clipe dirigido por Michael Moore.

1 Comments:

Blogger Machado said...

Alô, câmbio, parece que está tudo no ar e funcionando!

25 de setembro de 2004 às 01:13  

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