[esquemaNovo]

Versão virtual da coluna [esquemaNovo] sobre música pop, produzida por Thiago Pereira e Terence Machado e publicada, todas às quintas no jornal "Hoje em Dia".

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Local: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

Pai, católico não praticante, taurino (por teimosia, hehehe), cruzeirense não ortodoxo, ainda jornalista, ex-baterista com recaídas frequentes, ciclista "pós-amador".

quinta-feira, novembro 18

[nº15 - Um fim de ano OTOTOI!!!]

A expressão Ototoi (excelente, em tupi guarani) era uma espécie de piada interna entre a equipe da extinta e combativa produtora cultural Motor Music, que durante uma década oxigenou Belo Horizonte – e de tabela, o resto do país - com bons shows, eventos e claro, a simpática lojinha de discos situada na Savassi. E é no mesmo bairro, que parte da equipe da Motor e o dono do Café com Letras, Bruno Golgher, voltam a mobilizar a cidade, desta vez, com a Casa Ototoi. No mesmo endereço onde se situava a charmosa Casa Goya, na esquina da Fernandes Tourinho com Getúlio Vargas, a Ototoi pretende ser “um evento; nem um bar, nem um restaurante, é um evento onde ocorrem diversas coisas ao mesmo tempo”, garante Fernanda Azevedo, uma das idealizadoras do projeto. A programação da Ototoi, concebida para funcionar 24 horas, começou no último dia 14 e termina depois de um mês exato de shows, palestras, DJ´s e muito mais. Fernanda falou um pouco mais sobre essa idéia...excelente. (T.P.)



EN: Não foi doloroso montar uma casa com uma programação tão bacana, já com data para acabar?

Fernanda: Na verdade não. Nunca foi nosso objetivo montar uma casa, montamos a Ototoi devido à falta de estrutura em BH. Então, ao invés de procurar um lugar e fazer com que ele se adaptasse ao nosso projeto, montamos a casa de uma vez. A idéia é que a Ototoi funcione como uma grande festival estendido, onde ninguém fique preocupado em perder parte a programação durante este mês em que funcionaremos.

EN: Como foi montar a programação musical da casa?

Já tinham algumas bandas que a gente estava a fim de trabalhar a muito tempo, como é o caso do Ramirez (RJ) . O ESS(PR) se apresentou no último Indie Rock Brasil, mas como chegaram atrasados, foram os últimos a tocar. Mas eles fizeram um show maravilhoso e a gente estava querendo muito trazê-los novamente. E por aí fomos montando a programação: quais bandas topariam e queriam vir, quem estava disponível...Porque é um esquema independente ainda, apesar de termos conseguido patrocínio para ajudar a montar a estrutura da casa, não temos muita verba para gastar, especificamente com o pessoal das bandas.

EN: O projeto ainda inclui uma micro boate? A idéia era ter uma espécie de inferninho, com poucas pessoas dançando espremidas?

Eu fico brincando que é assim: fomos montando a casa, e a partir do momento que não tínhamos mais nada para inventar, conseguíamos inventar mais alguma coisa!(risos). Pegamos a parte de baixo da casa (onde antes funcionava a adega), que é bem reduzida, o ideal para se transformar em um inferninho. No primeiro dia nem funcionou tão bem, mas no segundo, todos os DJ´s vieram me procurar pedindo: “Quero tocar no inferninho! Por Favor!”.

EN: A idéia de funcionar 24 horas é para transformar o Ototoi em um ponto de encontro entre as pessoas?

Sim, estamos tentando aproveitar todos os horários possíveis. Além de toda programação cultural, estamos promovendo também workshops de música eletrônica, cursos de DJ nos finais de semana...Enfim utilizar todos os horários possíveis, já que não temos muitas opções aqui em BH.

EN: Ano que vêm a Ototoi vai para ocupar outro espaço da cidade? A idéia original é continuar?

A Ototoi já foi concebida com esta idéia, de funcionar uma vez por ano aqui em Belo Horizonte, e inclusive sair para outros lugares do Brasil.

E a festa continua, antes da chegada do Papai Noel (se é que você acredita nele!)

Encorpando a lista “Ototoi” de atrações de fim de ano, em Beagá, o tradicional espaço roqueiro do bar “A Obra” promete movimentar a cidade com vários shows imperdíveis. Dois deles merecem destaque: o da matilha sulista Cachorro Grande que chegará à cidade, no dia 08 de dezembro, para mostrar o repertório do segundo disco (“As próximas horas serão muito boas”), lançado este ano pela revista Outra Coisa e um dos melhores produzidos na cena independente, em 2004.



Quem também vai lançar um novo trabalho pela revista e aparecer por aqui para divulga-lo é Rogério Skylab. Seu novo cd – Skylab V – acompanhará a edição de dezembro. Se exite um cara realmente alternativo e maldito na música brasileira, atualmente, essa figura é Skylab. O músico carioca é mestre em remexer o lixo urbano, esbravejar de forma bizarra os maiores disparates do mundo capitalista e revelar em tom sarcástico todas as fragilidades do ser humano. No disco que chegará às bancas e lojas de revistas no mês que vem, ele disparou até contra a “esterilizada” apresentadora do Jornal Nacional Fátima Bernardes. Por essas e muitas outras, o show de Skylab (dia 16/12) entra, desde já, no rol dos imperdíveis. Não é todo dia que o público pode conferir a performance de um cantor e compositor que poderia muito bem ser um serial killer ou um “matador de passarinho”! Do lixo ao luxo, o show deve continuar e pra quem prefere a classe do jazz ao invés de encarar o universo enfumaçado e rocker da Obra a dica é correr e garantir o quanto antes um ingresso para a apresentação da cantora norte-americana Norah Jones, no Marista Hall. Acredite se quiser, depois do cancelamento do show de Chrissie Hynde, em função da baixa venda de ingressos, a nova diva do jazz mundial deve dar o ar da graça em Belo Horizonte, no próximo dia 11. Antes dela, Frejat & cia. oficializam a volta do Barão Vermelho, em solo mineiro. Será uma excelente oportunidade pra conferir se o “velho novo” Barão retorna com fôlego suficiente pra superar o rock ‘n roll raivoso de bandas como o Cachorro Grande. Ou se o grupo quer mesmo é um lugar na repartição pública do rock, na mesa ao lado dos Titãs. Longe desse duelo, será possível que alguém ainda não esteja satisfeito com a programação apresentada até aqui? Se for, é certo que esse alguém estará com os olhos vidrados no palco do Marista, no dia 03 de dezembro, enquanto a vocalista Tarja Turunen da banda finlandesa Nightwish estiver gastando muitos agudos operísticos na massa sonora de metal melódico (até hoje não consegui entender bem o que é isso?) produzida por seus comparsas. Viu só? Tem gosto pra tudo! Nada mais justo que tenha show pra tudo quanto em gosto! (T.M.)